LIVRO – ALEXANDRE E CÉSAR: AS VIDAS COMPARADAS DOS MAIORES GUERREIROS DA ANTIGUIDADE – PLUTARCO.



LIVRO – ALEXANDRE E CÉSAR: AS VIDAS COMPARADAS DOS MAIORES GUERREIROS DA ANTIGUIDADE – PLUTARCO.

 

Plutarco (46 -119) foi um filósofo e biógrafo grego nascido na cidade de Queroneia (cidade histórica grega). Plutarco escreveu mais de 200 livros, dos quais a grande maioria sobreviveu até nossos dias, mas sua obra de maior destaque foi Vidas Paralelas, que consiste numa coletânea de 64 biografias de vultos gregos e romanos, incluindo entre estes, personagens lendários. Esta obra é um dos volumes de Vidas Paralelas e coloca lado a lado dois grandes nomes do período helênico: Alexandre - Rei da Macedônia, unificador do ocidente e conquistador da Ásia e Júlio César – Hábil estrategista militar e político. O objetivo de Plutarco, alcançado com brilhantismo, é comparar o perfil destes líderes mostrando seus valores, seus pontos em comum e as diferenças.  Plutarco é um dos maiores filósofos gregos, suas obras são de suma importância para uma melhor visão sobre cultura, política e filosofia clássica.

 

Em um texto claro, conciso e cativante, Plutarco mergulha nas vidas desses icônicos personagens, revelando suas proezas, desafios e até mesmo suas fraquezas humanas. Descubra como esses dois homens extraordinários moldaram o curso da civilização antiga, e desfrute de uma viagem inesquecível por uma era de intrigas, conquistas e poder.

 

Alexandre da Macedónia merece a Plutarco a atenção devida a um génio da arte militar e da diplomacia na consolidação do poder. Num trajeto de vida que pouco ultrapassou os 30 anos, o jovem rei macedónio alterou o mapa político e cultural da época: colocou território europeu, africano e asiático sob a sua autoridade, promoveu uma globalização intercultural de modo a unificar um xadrez de povos dentro das fronteiras de um enorme império, deslocou o centro intelectual do mundo, de Atenas, para outras cidades do Oriente. Não sem que uma ambição crescente e desmesurada tivesse vindo, por fim, pôr em causa o sucesso de um projeto e a própria vida do seu autor.

 

Ao emparelhar César com Alexandre, Plutarco põe em relevo a fama de grande conquistador, o aspeto da personalidade que o biógrafo mais admira neste estadista romano. Mas a ambição (philotimia) que reiteradamente move César representa o lado negro que o conduzirá à morte, antes que ele possa colher os frutos do seu afã. Embora não transforme cabalmente César num tirano cruel (que ele não foi), esta Vida ilustra, contudo, uma crítica à ambição exacerbada e irracional de poder.

 

Às vidas de Alexandre e César comparadas por Plutarco que autor, escreve em uma época em que a Grécia se apagara diante de Roma, demonstrava compreensível orgulho em poder contrapor a cada “varão ilustre” romano um grego tão ilustre ou mais, embora de épocas longínquas, numa revivência da grandeza grega antiga. Quais as razoes da popularidade maior das Vidas paralelas? O talento de Plutarco ajudou sobremaneira o moralista em suas descrições de caracteres, valendo-se de traços rápidos, marcantes, uma palavra, pequenas coisas, anedotas. Em uma palavra ou atitude revela-se o que há de mais nobre na alma humana. A alma boa de Plutarco tinha o instinto do sublime, e suas Vidas definiram, como exemplos, certo gênero de grandeza moral. Quando se fala em um “grande homem de Plutarco”, tem-se presente no espírito um tipo particular, talvez mais ideal que real, mas de qualquer forma, admirável.

 

Alexandre, nascido no ano 356 a.C. e falecido no ano 323 a.C.  Alexandre, do lado paterno, descendia de Hércules, através de Carano; e do lado materno, provinha de Eacides, através de Neoptólemo, matéria esta que não suscita qualquer controvérsia. Conta-se que foi quando Filipe, se iniciou nos mistérios da Samotrácia, ao mesmo tempo que Olímpia – era ele ainda um rapaz e ela órfã de pais -, que Filipe se apaixonou e a pediu em casamento, com a concordância do irmão de Olímpia, Adimbas. Pois bem, na noite anterior à consumação do casamento, a noiva sonhou que tinha havido uma trovoada e que um raio a atingiu no ventre; dessa descarga gerou-se um fogo enorme, que se propagou em chamas por todo o lado, antes de se extinguir. Filipe, tempos mais tarde, já depois de realizado o casamento, viu-se em sonhos a pôr um selo no ventre da mulher. A efígie do selo parecia-lhe representar um leão. Apenas Aristandro de Telmesso, lhe anunciou que a mulher estava grávida – porque não se sela o que está vazio – e grávida de um filho com uma natureza impulsiva que nem um leão. Além disso, um belo dia foi vista uma serpente estendida ao lado de Olímpia, enquanto dormia. Foi sobretudo esta visão, ao que se diz, que levou Filipe a arrefecer de ardor e de atenções para com a mulher. Deixou de dormir com ela com a frequência habitual, ou porque temesse que ela o sujeitasse a alguma magia ou lhe desse alguma mezinha, ou para evitar ter com ela relações, na convicção de que fosse a favorita de algum ser superior.

 

Destaca ainda que Filipe perdeu umas das vistas ao olhar através do buraco da porta e que perderia, um dos seus olhos, quando, sob forma de serpente, partilhava o leito com a sua mulher. Alexandre nasceu no início do mês Hecatombeon, a que os Macedónios chamam Loo, a seis, no mesmo dia em que o templo de Ártemis em Éfeso ardeu.  Alexandre era ainda criança e já dava provas de autocontrole; apesar de, sob outros pontos de vista, ser impetuoso e arrebatado, não cedia com facilidade aos prazeres dos sentidos; e se lhes cedia, era com grande moderação. O desejo de glória estimulava nele uma determinação e um bom senso excecionais na sua idade.

 

Um dia, Filônico da Tessália apareceu com um cavalo chamado Bucéfalo e propôs-se vendê-lo a Filipe por treze talentos. Desceram até à planície para experimentar o cavalo, que dava a ideia de ser difícil e intratável; não consentia que ninguém o montasse, nem se submetia à voz de qualquer dos servos de Filipe, antes se empinava diante de todos eles. Filipe ficou irritado e deu ordem para que o levassem embora, convencido de que o animal era selvagem e indomável. Mas Alexandre, que assistia à cena, comentou: ‘Que belo animal eles vão perder! E Alexandre convenceu seu pai a ficar com o animal e domá-lo, assim, procedeu o seguinte: “quando viu que o cavalo tinha perdido o medo e estava impaciente por correr, soltou-lhe as rédeas e estimulou-o, com voz de comando e um toque de pés. Filipe e os que o acompanhavam ficaram primeiro mudos de ansiedade. Mas quando Alexandre terminou, deu a volta com toda a correção e regressou, orgulhoso e triunfante, foi um clamor geral; o pai, ao que se diz, chorou de alegria e, quando Alexandre desceu do cavalo, beijou-o na testa e disse-lhe: ‘Meu filho, arranja um reino à tua medida. A Macedónia é pequena demais para ti’.”

 

Segue as narrativas de Plutarco sobre Alexandre, a despeito de suas batalhas “Ao chegar a Tebas63, para lhe dar uma última oportunidade de se arrepender da sua atitude, exigiu a rendição de Fénix e de Prótites, mas anunciou uma amnistia para os que se passassem para o seu lado. Os Tebanos fizeram-lhe uma contraproposta: que lhes entregasse Filotas e Antípatro e proclamaram, por sua vez, que quem quisesse lutar pela liberdade da Grécia se passasse para o seu lado. Perante esta reação, Alexandre declarou aos Macedónios que se preparassem para a guerra. Do lado tebano, a luta foi assumida com superioridade e valentia muito para além da sua capacidade, dado que enfrentavam um inimigo que lhes era de longe superior em número. Mas quando a guarnição macedónia abandonou a cidadela de Cadmo e os veio atacar pela retaguarda, grande parte dos Tebanos viu-se cercada e tombou no campo de batalha; a cidade foi então tomada, arrasada e totalmente destruída.”

 

Nas proximidades da cidade de Xanto, na Lícia, há uma doente que transbordou nessa ocasião, desviando do seu curso sem nenhuma causa aparente. Narra que o mar, por favor divino, se retraiu diante de Alexandre, embora seja geralmente muito tempestuoso nessa costa perpetuamente batida pelas ondas e raramente deixe descobertas as pontas dos recifes que cercam a margem, ao pé dos cumes escarpados das montanhas. É sobre este pretenso prodígio que Menandro graceja, em uma de suas comédias. Partiu, então, para subjugar a Paflagônia e a Capadócia. Tendo sido informado da morte de Menon, um dos chefes da frota de Dario, que podia, conforme suas previsões, causar-lhe as maiores dificuldades, obstáculos, e estorvar com mais eficácia a sua marcha, manteve o projeto de conduzir o exército para as altas províncias da Ásia.

 

O adivinho Aristandro, vestido de branco ornado de uma coroa de ouro, cavalgava a seu lado: fez notar uma águia voando sobre a cabeça de Alexandre na direção justa do inimigo. A cavalaria lança-se contra o inimigo, e a falange desdobra-se na planície, como as vagas de um mar agitado. As fileiras da frente ainda não chegaram a agir, e já os bárbaros estavam em fuga. Foram perseguidos encarniçadamente. Alexandre repeliu os bárbaros até o centro de seu campo de batalha, onde estava Dário, que ele percebera de longe acima das primeiras fileiras, no fundo de seu esquadrão real, reconhecível por sua beleza e alta estatura. Os mais bravos e os mais apegados ao rei fizeram-se matar diante dele; e, caindo uns sobre os outros, impediram o avanço do inimigo, pois, na queda, agarravam-se aos macedônios e aos pés dos cavalos. Dario via-se ameaçado pelos mais terríveis perigos: seus cavaleiros, enfileirados diante de seu carro, comprimiam-no, impedindo que ele voltasse o carro para se retirar; as rodas não se podiam mover em meio ao grande número de mortos. Conta-se que Dario, abandonando o carro e as armas montou numa égua que acabara de parir e fugiu.

 

Marchou então contra Dario para travar nova batalha. Mas quando ouviu dizer que o rei persa tinha sido capturado por Besso, mandou as tropas tessálias para casa, depois de as ter gratificado com dois mil talentos, além do salário. Em consequência da perseguição, que foi árdua e longa (em onze Dias Alexandre percorreu a cavalo 3300 estádios), a maioria das suas tropas estava esgotada, principalmente por falta de água. Foi então que uns tantos Macedónios se cruzaram com ele, quando traziam do rio odres de água em mulas. Ao verem Alexandre, era meio-dia, abalado com a sede, apressaram-se a encher um elmo de água e ofereceram-lhe. Quando lhes perguntou a quem destinavam a água, responderam: ‘Aos nossos filhos. Mas enquanto tu te mantiveres vivo, poderemos sempre ter outros filhos, no caso de perdermos os que temos’. Perante estas palavras, Alexandre tomou o elmo nas mãos; mas ao olhar em volta e ao verificar que todos os cavaleiros que o rodeavam esticavam as cabeças de olhos fixos na água, devolveu-lhes o elmo sem lhe tocar; agradeceu-lhes então o oferecimento com estas palavras: ‘Se eu bebesse esta água sozinho, lá se ia o moral destes homens’.

 

A partir deste local, Alexandre pôs-se em marcha para ir ver o oceano; fez construir muitos barcos a remos e balsas e partiu ao longo dos rios deixando-se levar tranquilamente. É certo que a viagem não dispensou esforço nem foi pacífica, pois o rei foi desembarcando, atacando as cidades e conquistando-as todas. No entanto, ao arremeter contra os chamados Malos, considerados o povo mais belicoso de entre os Indianos, por pouco não perdeu a vida. Depois de obrigar a população a retirar-se das muralhas sob uma chuva de dardos, foi Alexandre o primeiro a escalar o muro com uma escada; só que a escada se partiu e ele ficou exposto aos mísseis que os bárbaros, que se mantinham rente à muralha, lhe atiravam lá de baixo; apesar de se encontrar praticamente sozinho, tomou balanço e saltou para o meio dos inimigos, com tanta sorte que caiu de pé. Quando ele brandiu as armas, os bárbaros pensaram que, diante dele, surgia uma figura incandescente. Por isso, apavorados, a princípio puseram-se em fuga; mas quando viram que apenas dois dos seus guardas o acompanhavam, correram sobre ele, e houve uns tantos que procuraram feri-lo através da armadura com espadas e lanças, enquanto ele se defendia. Houve então um, um pouco mais afastado, que o alvejou com uma flecha, com tanta precisão e força que lhe perfurou a couraça e o atingiu no peito, entre as costelas. O impacto do golpe foi tal que Alexandre cedeu e caiu de joelhos; aí o que o tinha alvejado correu para ele de cimitarra desembainhada, enquanto Peucestas e Limneu se interpunham. Ambos foram feridos e este último caiu morto. Peucestas resistiu e, por fim, Alexandre matou o bárbaro. Ele mesmo sofreu inúmeros golpes e acabou por ser atingido por um maço no pescoço, o que o obrigou a encostar-se contra o muro, ainda de olhos fixos no inimigo. Nessa altura os Macedónios rodearam-no, retiraram-no, já inconsciente do que se passava em volta, e levaram-no para a tenda. Correu de seguida no acampamento o boato de que ele tinha morrido.

 

Alexandre, de regresso da pira, reuniu muitos amigos e comandantes à mesa; propôs-lhes um concurso de bebida - vinho sem mistura - e prometeu uma coroa ao vencedor. 2. Aquele que mais bebeu, Promaco, chegou a 12 litros de vinho. Recebeu o prémio, uma coroa no valor de um talento, mas não sobreviveu mais do que três dias. Dos restantes, segundo Charés, 41 morreram dos efeitos da bebida, vítimas de um tremendo arrefecimento que se apoderou deles após a bebedeira. Em Susa Alexandre celebrou o casamento dos companheiros e ele mesmo tomou por esposa a filha de Dario, Statira; atribuiu as mulheres de melhor condição aos homens de melhor condição e organizou uma boda comum, não só para eles, mas também para os Macedónios que já antes tinham contraído matrimónio.

 

Roxana estava grávida e por isso gozava de grande consideração entre os Macedónios. Mas ela tinha ciúmes de Statira; enganou-a então com uma carta forjada e fê-la vir ao seu encontro; quando a apanhou lá, matou-a, juntamente com a irmã; atirou os corpos a um poço e encheu-o de terra, com o conhecimento e a cumplicidade de Perdicas. Porque foi ele que logo se catapultou para o poder, servindo-se de Arrideu como aval da sua soberania. Este era filho de uma mulher anónima e vulgar, chamada Filina; era um deficiente mental devido a uma doença que tinha tido, não propriamente um mal congénito, nem a consequência de um acidente; diz-se até que, em pequeno, era uma criança esperta e promissora; mas, mais tarde, Olímpia deu-lhe uma droga que deu cabo dele e o tornou um demente.

 

Seguindo com a morte e sepultamento do Rei Alexandre o Grande. Não é confirmado, no entanto, se ele já sofria de alguma doença, como malária ou febre tifoide, por exemplo, ou se teria sido assassinado com veneno, diz a plataforma. A enciclopédia de história, por sua vez, explica que no processo de sua morte, a condição de saúde de Alexandre foi se deteriorando dia a dia, e o imperador teria sofrido de febre, prostração, perda da força e da fala – já em seus momentos finais. Historiadores modernos, no entanto, acreditam que sua morte tenha sido uma combinação de ferimentos de batalha com malária, já que Alexandre estava enfraquecido especialmente após ter sido acertado por uma flecha que perfurou seu pulmão.

 

Caio Júlio César, nascido no ano 100 a.C. e falecido no ano 44 a. C. César foi uma figura determinante e controversa, tanto no seu tempo como ao longo da história. Abriu caminho para o principado, antecipando já várias prerrogativas que caracterizariam o governo de Augusto. A sua inovação constitucional, vista por muitos como aspiração monárquica, produz-se, à semelhança do que tinha feito Sula, através do alargamento do âmbito cronológico e das competências de uma magistratura tão antiga como a República romana, ou até mais – a ditadura. Apesar de tal estratégia ter fracassado nos Idos de Março, muitos o consideram já o primeiro da série dos imperadores, pelo menos a partir de Trajano. De qualquer modo, ele junta o título de imperador ao seu nome; e o seu cognomen – Cesar – transformou-se em nome de imperadores, romanos e não só. Por isso, o biógrafo Suetónio, que escreve já no tempo de Adriano, o colocará à cabeça dos seus Doze Césares. Por seu turno, Plutarco também escreveu um conjunto de Vidas dos Césares, de Augusto a Vitélio, de que sobrevivem apenas duas: as de Galba e Otão.

 

A ascensão de César apoia-se sobretudo em dois fatores uma persistente política popular em Roma e o êxito fulgurante na carreira das armas, tanto na conquista de novos territórios, como nas guerras civis, contra Pompeio e, depois da morte deste, contra os restantes defensores da antiga República, de que se destacou Catão, que se suicidou em Útica em 46 a.C. Plutarco, ao emparelhar César com Alexandre, põe antes de mais em relevo a sua fama de grande conquistador, o aspeto da personalidade claramente mais admirado pelo biógrafo de Queroneia. Mas a ambição (philotimia) que reiteradamente move César transforma-se no seu lado negro que o conduzirá à morte, mecanismo amiúde usado por Plutarco para justificar a queda dos biografados.

 

 

Logo que César abandonou a pretura obteve a província da Hispânia, mas como lhe estava a ser difícil lidar com os credores, que lhe estorvavam a partida e reclamavam, valeu-se de Crasso, que era o mais rico dos Romanos, mas que precisava do viço e do ardor de César na sua oposição política a Pompeio. Uma vez que Crasso satisfez os mais exigentes e implacáveis dos credores e deu como garantia oitocentos e trinta talentos, ele partiu então para o comando da província. Diz-se que, na travessia dos Alpes, passando por uma qualquer terriola bárbara, habitada por muito poucas pessoas e miserável, os companheiros, na risota e na brincadeira, perguntaram: Será que também aqui existem ambições pelo poder, competições pelo primeiro lugar e invejas dos poderosos entre si? Ao que César respondeu prontamente: Eu antes queria ser o primeiro entre estes que o segundo entre os Romanos! E acrescenta-se de igual modo que, na Península Ibérica, ao ler num momento livre uma qualquer obra sobre Alexandre, ficou deveras ensimesmado durante longo tempo e depois chorou. Como os amigos lhe perguntassem, admirados, qual o motivo das suas lágrimas, ele disse: Não vos parece suficiente motivo de lamento que Alexandre com a minha idade já reinasse sobre tantos, quando eu ainda nada realizei de notável?

 

Segue descrevendo a vida de César “Depois do consulado de Marcelo, já César fazia jorrar abundantemente as riquezas da Gália sobre todos os detentores de cargos políticos, libertando o tribuno Curião de empréstimos e dando ao cônsul Paulo 1.500 talentos, com os quais este acrescentou como adorno da basílica, o famoso monumento construído em lugar da basílica Fúlvia. Então Pompeio, com receio desta aliança, tratou já às claras, quer pessoalmente quer por intermédio de amigos, de que fosse designado um sucessor para o comando que César detinha e mandou reclamar a devolução dos soldados que lhe tinha fornecido para a guerra das Gálias. E ele devolveu-os, depois de presentear cada homem com duzentas e cinquenta dracmas. Os que trouxeram os soldados a Pompeio, ao espalharem um discurso que nem era correto nem benevolente acerca de César, cegaram Pompeio com esperanças vãs, sugerindo que este era prezado pelo exército de César e que, enquanto estava ali a gerir a custo a situação por causa da inveja de uma política podre, o exército estava lá, preparado para o apoiar, e que mal se transferisse para a Itália se passaria logo para o lado dele: a tal ponto César se tinha tornado insuportável pela quantidade de campanhas, e suspeito por causa do receio de uma monarquia.”

 

Conta-se também em suas falas entre vitórias em guerras o seguinte, o próprio ferro cede aos golpes com que o batem; os escudos e as couraças, também, depois de certo tempo, precisam de descanso. Cesar não percebe, então, nossas feridas, não pensa que somos mortais, sujeitos a todos os males, a todos os sofrimentos de qualquer mortal? O próprio Deus não pode alterar, no mar, a estação de inverno e os ventos. Entretanto, é nessa estação que César nos expõe ao perigo! Dir-se-ia que não persegue seus inimigos, mas que foge diante deles. Assim falando, caminhavam lentamente para Bríndisi; mas, quando ali chegaram e souberam que César já havia partido, mudaram de linguagem: fizeram a si mesmo vivas censuras, acusaram-se de ter traído seu general e chegaram a ponto de zangar-se com seus oficiais que não haviam apressado a marcha.

 

César avançou contra ele e, travada a batalha, venceu-o. Foram muitos os que tombaram e o próprio rei desapareceu. Deixou no trono do Egito Cleópatra, que pouco depois deu à luz um filho dele a que os Alexandrinos chamaram Cesarion, e marchou para a Síria. Dali dirigiu-se à Ásia e teve conhecimento de que Domício, vencido por Farnaces, filho de Mitridates, havia fugido do Ponto com poucos companheiros; que Farnaces tirava partido da vitória com avidez e que, embora estivesse já na posse da Bitínia e da Capadócia, cobiçava também a chamada Arménia Inferior e sublevava todos os reis e Tetrarcas. Avançou então imediatamente sobre o sujeito com três legiões e, tendo travado uma grande batalha nas imediações da cidade de Zela, expulsou-o do Ponto como fugitivo e aniquilou completamente o exército dele. E ao anunciar a Roma, a um dos amigos, Amâncio, a acuidade e rapidez daquela batalha, escreveu três palavras: “Vim, vi, venci”. Em latim, estas palavras, que terminam da mesma forma, constituem um modo convincente de concisão.

 

César morre com 56 anos completos, tendo sobrevivido a Pompeio não muito mais de quatro anos. Mas daquele poder e soberania que a custo ganhou, depois de os buscar toda a vida através de tantos perigos, não colheu senão o nome e a honra invejada entre os cidadãos. O certo é que o seu grande génio, do qual gozou em vida, o acompanhou também depois de morto como vingador do crime, lançando-se no encalço dos assassinos, através de toda e terra e de todo o mar, até não restar nenhum, já que puniu quer os que deitaram mão à obra, quer os que participaram na trama. O mais admirável dos acontecimentos humanos diz respeito a Cássio, que, vencido em Filipos, se matou com o punhal que usara contra César. Quanto a factos divinos, temos o grande cometa (que se manifestou claramente visível durante sete noites depois do assassínio de César e, de seguida, desapareceu) e o relativo ao obscurecimento da luz do sol.

 

Portanto, ao final do presente, nota-se que o paralelismo das vidas dos personagens eleitos e tal história criada pelo autor, consagra realmente a grandeza desses notáveis contemporâneos e lideres de suas respectivas épocas (Alexandre – Rei da Macedônia, unificador do ocidente e conquistador da Ásia e Júlio César – Hábil estrategista militar e político), percebe que Plutarco, alcança com brilhantismo o intuito a comparação do perfil destes influentes personagens mostrando seus valores, seus pontos em comum e as diferenças, tendo a possibilidade com a presente obra de fazer a análise dos traços da cultura, política e filosofia clássica, assim a leitura é recomendada para se inteirar a despeito desse conhecimento aprimorado e transcrito no referido livro.

 

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Ferreira Avelar Advocacia (Iporá-GO. Israelândia-GO). Consultoria e Assessoria Jurídica!

 

Livro – Alexandre e César: As Vidas Comparadas dos Maiores Guerreiros da Antiguidade – Plutarco.

 


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